terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A transformação da realidade pela comunicação: 5. A comunicação – uma modificação da realidade

Como vimos anteriormente, a comunicação provoca automaticamente uma perda na realidade metafísica aquando da sua transmissão. Até mesmo as imagens, na televisão ou na fotografia, são incapazes de transmitir todas as dimensões de uma realidade física ou metafísica. A televisão mostra apenas o que quer: as pessoas que fazem a televisão (os produtores, os directores, os técnicos, etc.) escolhem e mostram o que querem mostrar. Por exemplo, durante um fogo-de-artifício as câmaras de televisão estão viradas para o céu, concentradas nas explosões multicolores. O telespectador não tem escolha, ele vai ver e conhecer apenas aquilo que a televisão vai lhe mostrar. O espectador presente no local vai poder observar o público, os arredores, as partes do céu onde não há fogo-de-artifício tendo assim um conhecimento e uma experiência diferente, muito mais global do evento. Tendo eles acessos diferentes à realidade, o telespectador poderá achar o fogo-de-artifício espectacular enquanto que o espectador o acha bastante monótono.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A transformação da realidade pela comunicação: 4. O jornalismo – uma modificação da realidade

Ao escreve sobre um determinado assunto ou determinada situação, o jornalista nunca traduz, ou transmite, a realidade metafísica exactamente tal como ela é. É uma tarefa impossível de realizar: pois se o dito assunto ou a dita situação, por exemplo, envolve uma multidão, existirão múltiplas realidades. O jornalista cria uma nova realidade para explicar o que está em causa: devido a natureza complexa da sua profissão, podemos dizer que é uma realidade baseada em fundamentos jornalísticos, a realidade de um jornalista. A transformação de um simples facto numa informação provoca automaticamente uma modificação nos valores que ela tinha inicialmente. Por exemplo, quando um jornalista comunica ao seus leitores que uma fábrica acaba de fechar as portas, apesar do artigo ser acompanhado por uma fotografia onde se pode ver os trabalhadores a manifestarem-se em frente da fábrica, ele nunca conseguirá transmitir com um pequeno texto formatado e limitado pelo espaço disponível no jornal todas as informações da situação e tudo aquilo que se pode saber ou sentir se fossemos um dos trabalhadores que acaba de perder o seu emprego. Uma parte da informação é comunicada mas não a realidade de cada pessoa presente.

Consciência da irrecuperabilidade do tempo

A obsessão pelo tempo foi substituída por um mórbido e desobediente desprovimento de vontade. A consciência nervosa, a urgência obcecada e...